segunda-feira, 4 de maio de 2009

CBB tem novo presidente

Quando Gerasime Bozikis, o Grego, assumiu o microfone no início da assembleia da Confederação Brasileira de Basquete, na manhã desta segunda, já sabia que, pela primeira vez em mais de uma década, não tinha o respaldo das federações estaduais. Os dirigentes que ocupavam as poltronas acolchoadas no salão nobre do Jockey Club, no Centro do Rio, estavam prontos para eleger Carlos Nunes como novo presidente da CBB. Grego se antecipou e, num discurso que durou pouco mais de 12 minutos, encerrou uma administração de 12 anos.

- Vou retirar minha candidatura, não por medo de perder. Há um candidato que vai ganhar, então temos de apoiá-lo. Não vou me emocionar, porque aqui não se trata de ganhar ou perder. O vetor do basquete não está mais para baixo e, que me desculpem as meninas, mas não é porque tomou Viagra não. Está para cima e vai subir ainda mais. Nosso grupo trabalha junto há 15 anos. Cadê o Carlinhos? – perguntou Grego, procurando o sucessor na plateia.

Carlinhos, ou Carlos Nunes, comandou a Federação Gaúcha justamente nestes últimos 15 anos citados no discurso. Durante 11, foi aliado de Grego na administração nacional. Em 2008, desligou-se, alegando divergências, e resolveu concorrer à presidência. Venceu com 16 dos 27 votos, contra 11 abstenções. Se detalhes burocráticos permitirem, pode tomar posse na terça.

- Tínhamos algumas propostas dentro da Confederação, mas não conseguimos executá-las. O atual modelo é muito centralista e decidimos que era hora de mudar – explicou Nunes, que anunciou como primeira medida a alteração do estatuto para ampliar a participação estadual.

Apesar dos 15 anos de poder no Rio Grande do Sul, o novo presidente levantou como bandeira a reeleição única na Confederação. Oito anos, no máximo. E alegou que não há nenhum paradoxo na decisão.

- A realidade estadual é outra. Não havia outros candidatos no Rio Grande do Sul, eu sempre era eleito por aclamação. Eles até brincavam, dizendo: “O único desocupado aqui é você”. Por isso eu fiquei tanto tempo – explicou Nunes, que finalmente abandona o cargo para assumir o novo posto na Confederação.

Com o tom de voz quase sempre baixo, sem fazer alarde, o novo presidente já deu sinais de como vai ser sua administração. Bancou a permanência de Moncho Monsalve na seleção masculina, mas não garantiu Paulo Bassul na feminina, alegando “restrições a ele dentro da comissão técnica” e mostrando claramente que pretende ter de volta na equipe a ala Iziane, banida por Bassul no Pré-Olímpico.

Enquanto Nunes ouvia alguns líderes de federações na assembleia, Grego não quis ficar para ver o restante da cerimônia. Pouco após anunciar a renúncia da candidatura, ele deixou o salão nobre do Jockey, acompanhado pela maioria dos dirigentes que o apoiaram. Antes de tomar o elevador, admitiu que a derrota iminente foi discutida em casa, na noite anterior ao pleito.


- Eu recebi informações e já tinha pensado nisso com minha mulher e minhas filhas. Quando cheguei ao plenário, confirmei essas informações, conversei com o Carlinhos e tomei a decisão de renunciar – afirmou Grego, que em março assumiu a Associação de Basquete Sul-Americana (Abasu), mas promete não se desligar do cenário brasileiro.

O agora ex-presidente afirma que deixa para o sucessor uma Confederação melhor do que aquela que encontrou em 1997, ano seguinte à última participação da seleção masculina em Olimpíadas, em Atlanta, e três anos após o último título relevante da feminina, no Mundial da Austrália.

- Deixo a CBB em muito melhor estado, com mais de R$ 1,5 milhão em caixa e os R$ 44 milhões do novo contrato com a Eletrobras. Às vezes você faz um grande trabalho e a bola não entra. Apesar de tudo o que dizem, eu dei credibilidade ao basquete brasileiro.

Com essas palavras, Grego caminhou até o elevador e foi embora. Terminava ali, pouco antes do meio-dia, uma era de 12 anos. A bola laranja aguarda os próximos capítulos.

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