terça-feira, 22 de maio de 2012

O BASQUETE QUER SER O 2º ESPORTE DO BRASIL

Em um país no qual predomina o futebol entre todas as faixas etárias e econômicas, as outras modalidades disputam entre si o título honroso de segundo esporte preferido da população brasileira. O basquete conseguiu aumentar sua popularidade nas décadas de 80 e 90, graças a grandes atletas como Hortência, Magic Paula e Oscar Schmidt, protagonistas de conquistas como o ouro masculino no Panamericano de Indianápolis, em 1987, e ouro feminino no Panamericano de Havana, em 1991, e no Mundial da Austrália, em 1994.

Basquete (Foto: Divulgação)


Quando essas estrelas deixaram as quadras, os títulos deixaram de vir para o Brasil e o esporte perdeu expressão, popularidade e, claro, espaço na mídia. Mas, desde o fim de 2008, o esporte da bola laranja, consagrado nos Estados Unidos, tem se estruturado e atraído aos poucos a atenção do mercado.
A volta por cima começou com a constituição de uma nova entidade, a Liga Nacional de Basquete (LNB), administrada pela primeira vez pelos próprios clubes, em um modelo de gestão que não deu certo nem mesmo no futebol.
Kouros Monadjemi, dono de uma empresa de exportação e importação, assumiu a presidência e o papel de unir as principais equipes do país. Juntos, conseguiram a chancela da Confederação Brasileira de Basketball (CBB) para que organizassem, por conta própria, o Campeonato Brasileiro da modalidade. Mas apenas um novo torneio não bastaria. O empresário queria formatar um produto.
A Rede Globo se tornou parceira nessa empreitada e junto com a liga deram o arremesso inicial para o Novo Basquete Brasil (NBB), nome escolhido para o torneio, em alusão ao que faz a NBA nos Estados Unidos. O evento de lançamento do primeiro NBB aconteceu em 16 de dezembro de 2008, e o primeiro jogo foi em 29 de janeiro de 2009. "Trabalhamos o campeonato como um produto comercial e não só uma competição, porque precisamos fazer espetáculos, rejuvenescer a torcida e aumentar a receita dos clubes”, diz Sérgio Domenici, gerente-executivo da liga.
A primeira edição do torneio foi realizada sem que houvesse suporte de qualquer patrocinador, somente com recursos oriundos da emissora carioca, mas esse quadro mudou nos anos seguintes. A Eletrobras e a Caixa se tornaram parceiras na segunda temporada, em 2009/2010, a Penalty virou fornecedora de materiais esportivos na terceira, em 2010/2011, e a Netshoes se uniu a ela em 2011/2012.
A LNB não divulga os valores recebidos com esses patrocínios, devido a cláusulas de confidencialidade, mas Época NEGÓCIOS apurou que as receitas anuais da liga estão em torno de R$ 3,8 milhões anuais. Desse valor, usado para manter a estrutura, cerca de R$ 60 mil anuais são repassados aos clubes que a compõem, para que eles consigam pagar algumas despesas, como taxas de arbitragem.
Basquete - quadra (Foto: Divulgação)










Mais que campeonato
Cientes de que a competição não seria suficiente para aumentar a popularidade do esporte no Brasil, os representantes da liga criaram outros eventos complementares para difundir o basquete pelo país novamente. O mais chamativo é o Jogo das Estrelas, uma série de atrações que costuma durar alguns dias e já foi organizado no Rio de Janeiro, em Uberlândia (MG) e duas vezes em Franca (SP).
“Nós conseguimos fazer o primeiro Jogo das Estrelas logo depois de começado o primeiro NBB, e ele nasceu cheio de problemas, mas nós os corrigimos e pudemos criar mais um produto”, diz Domenici. Gradativamente, a programação do evento cresceu com desafios de habilidades, torneios de arremessos e enterradas, e o basquete conseguiu voltar a ser transmitido em rede aberta.
Depois de todas as mudanças, estava na hora de voltar à TV aberta. O retorno aconteceu no ano passado, 14 anos depois da última transmissão, em 1997, no terceiro Jogo das Estrelas. A audiência não empolgou, rendeu 6,5 pontos no Ibope, mas bastou para mostrar que o basquete ainda respira.
Na quarta e atual temporada do NBB, o último e mais decisivo confronto será de novo transmitido em rede aberta pela Globo. Para o próximo ano, a expectativa é que jogos de fases anteriores comecem a ir ao ar. “A maior dificuldade é que não temos apenas a concorrência de outros esportes, mas de tudo o que envolve entretenimento”, pondera Domenici. “É por isso que temos de pensar no jogo como espetáculo”.

Nenhum comentário: